29 de out. de 2010

tudo novo de novo.

esses padrões de comportamento adquiridos ao longo da vida causam mesmo complicações na vida da gente. na verdade, não os padrões propriamente ditos, mas o fato da gente ter que reavaliar toda vez que alguma luz nova se acende. aí a gente tem que escolher, e é injusta com o que a gente sente esta escolha, porque ao escolher a gente se vê obrigada a largar mão de tudo, ou do equivalente ao insight tido, vivido até então. e lá se vão as situações nas quais a gente conseguiu se encaixar, os lugares nos quais costumávamos nos sentir confortáveis, as táticas que a gente conseguiu aprender e desenvolver pra interagir, e o pior, as pessoas às quais conseguimos nos acostumar e com as quais aprendemos a conviver pacificamente. a coisa se complica bem na hora que a gente se habitua ao descanso conquistado. aí começa: estranham suas reações vendo-as como incoerentes, nos vemos obrigados a radicalizar e corremos o grande risco de sermos mal interpretados. mudar exige ânimo, e mais que tudo, confiança naquilo que a gente acredita e têm como príncipio. às vezes (na maioria delas) a solidão que vem junto com a mudança é inevitável, mas abençoada. não existe liberdade maior do que agir de acordo com o que se pensa e fala, não há paz maior. e qualquer coisa que atrapalha, só enche a gente de ânimo de novo, afinal, que graça teria se fosse tão fácil assim? e isso em cada pequeno fato constatado, não só as grandes e aparentemente mais honrosas mudanças, mas aquelas mudancinhas pequenas, aquelas transições miúdas que transcendem qualquer perspectiva. é assim: a gente tá parada na rua, presta atenção sem querer em algo, para sem pensar, e pá! pronto. mudou tudo de novo e a gente já não é a mesma de antes, e nada, nenhuma reação antiga se encaixa, e nunca mais reagiremos da mesma maneira. o difícil é que nunca calculamos o tamanho do choque, e do nada o chão pode se desintegrar e a gente se perder no caminho. por isso até do chão a gente tem que se desapegar. do chão, dos hábitos, das coisas e pessoas, da gente, de tudo. só assim as coisas fluem e recomeçam a funcionar.