19 de dez. de 2010

quanto ao nó e ao tempo.

entendo que o tempo passa sozinho. que a gente pode acelerar ou desacelerar, mas que tem hora que ele tem que correr sozinho, que a gente tem que contemplar. mas isso não faz com que afrouxe o nó. esse nó tenso que aperta mas não dói, e se dói, nem mata. sabe aquela garoa fina? aquela que não encharca, mas gela com a constância que cai. essa mesma. acho que não há o que fazer, mesmo. melhor. pra facilitar pro tempo andar, não devagar, mas manso. e eu vou levar assim que dá menos medo. ultimamente tenho tido tanto medo... de tanta coisa que acho que nem tem sentido. então agora eu treino minha calma pra passar o tempo. ensaio a disciplina que nunca tive, pra me distrair. e acho que consigo gostar disso, estou vendo que gosto, mesmo. a mudança tem sido lenta, e isso só tem me atrapalhado. então me mudo daquela concha grossa e gasta num tranco, enquanto o tempo anda manso. as coisas que andavam entaladas e eu não pude expulsar, agora escorregam com muita água e pouco esforço. não há o que eu possa fazer agora, a não ser por mim, e isso só pode ser bom. quanto ao nó? vai bem, obrigada. e não incomoda em nada.

14 de dez. de 2010

antes que o tempo mude.

hoje eu quero um cobertor. quero um cobertor e um filme e uma anestesia. a consciência traz muita responsabilidade, e dói ter que ser quem entende e se desculpa e assume as culpas o tempo todo. cansa não conseguir esfregar na cara, ou mesmo não expor. ferem o laço os fatos omitidos, apertam o coração os laços não criados. quando tudo que eu queria era só uma companhia. mas eu tenho um cobertor e essa minha nova calma. minha companhia é bem melhor que a desconfiança, mil vezes mais agradável que o desconforto da espera, da hesitação e da insegurança. e a saudade do meu lado embaixo do cobertor, essa é amiga antiga, mas eu não conseguia admitir quão sensata e amável era até gostar esse tanto de mim.